domingo, outubro 19, 2008

escolher, entrar, matar amor

Escolher as ruas para não entrar em todas.
Matar cem vidas para poder viver uma.
Quantas vezes junto vida e morte na mesma linha?
Seleccionar o coração para evitar apertos e continuamente pulsar oxigénio.
Tenho amor.
Sim, amor de monóxido de carbono.
Amor escolhido a intensidades de distâncias irregulares.
Amor frio.
Rio-me quando esbato em ventos frequentes e tentações cuspidas.
Gerir as frequências, mantendo as luzes acesas.
O escuro ao longe é sempre um movimento de liberação no espaço.
Aos momentos em que nada de especial acontece.
Às casas com buracos maiores do que as pernas.
Levar tantas pedras.
Carregar tantas pedras.
Tropeçar na queda como um presente, uma saída, uma porta.
Tantas portas, sempre e só um agente.
Um homem lento.
De olhar atento.
Vejo tanta beleza destes olhos escondidos.
Seja a memória a revolução desta minha projecção, porque não há tempo para lamento.
Adeus amigo preto, passageiro dos cantos das salas.
Eu não.
Nós.