sábado, agosto 16, 2008

c'mon over

Isto não é uma colónia de férias: são 46 artistas de todo o mundo a trabalhar no Porto (e não é proibido espreitar)
Inês Nadais

Era "impossível" uma coisa como a plataforma temporária SKITe/Sweet & Tender Collaborations acontecer no Porto - mas não há impossíveis para Jean-Marc Adolphe, promotor dos encontros SKITe de 1992 (o sítio onde Alain Platel e Meg Stuart, que aliás estará no Porto, mostraram que tinham uma palavra a dizer sobre a dança contemporânea) e de 1994 (Lisboa era a Capital Europeia da Cultura e um rapaz chamado Jérôme Bel fazia a sua primeira apresentação pública).
Este ano podem acontecer coisas dessas no Porto (os directores artísticos António Pedro Lopes e Guilherme Garrido, do espaço 555, dispuseram-se a tratar da logística): a edição 2008 do projecto SKITe, a segunda organizada em associação com a rede Sweet & Tender Collaborations, começa hoje, em vários pontos da cidade.
Até 20 de Setembro, 46 artistas provenientes de 23 países e de todas as áreas das artes performativas vão trabalhar em residência no Porto. Não têm nenhum compromisso a não ser esse: os encontros SKITe/Sweet & Tender Collaborations funcionam sobretudo como um espaço-tempo muito particular em que os criadores expõem os seus processos de pesquisa e de criação, sem nenhuma obrigação de chegar ao fim do prazo com um espectáculo na manga.
"As experiências feitas aqui podem morrer e podem sobreviver. Já saíram destes encontros espectáculos que circulam, já apareceram ideias que mais tarde deram origem a um objecto, mas há coisas que não passam daqui", explica António Pedro Lopes.
A vantagem destes encontros é justamente estar tudo em aberto: "Hoje sabemos tudo o que vamos ver com antecedência: os artistas são obrigados a apresentar dossiers pormenorizados dos projectos dois anos antes da estreia, e isso asfixia a criação. Aqui não sabemos nada do que se vai passar - tanto melhor", diz Adolphe.
O que sabemos é que vamos poder espreitar, e não é pelo buraco da fechadura. O programa inclui dias de Casa Aberta - no primeiro, já na quinta-feira, Meg Stuart vai apresentar uma remontagem de Running, peça que criou em 1992 no SKITe; na recta final do processo, as sessões Fragmentos de Experiência farão um ponto da situação das criações em curso.
De 14 a 16 de Setembro os encontros associam-se ainda ao Festival Internacional de Marionetas do Porto, instalando-se na Praça D. João I. Era impossível mas fez-se, com o apoio do Teatro Nacional S. João: "Queremos que isto sirva para abanar a cidade. O Porto tem todas as condições e toda a massa crítica para se afirmar culturalmente. We're making some shit happen here!", garante Guilherme Garrido.
46
artistas de 23 países diferentes (da Austrália ao Irão, passando pela Coreia do Sul) vão estar no Porto ao longo do próximo mês



Fim

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